Vegetoterapia: técnicas, resultados e abordagem breve-focal

VEGETOTERAPIA: TÉCNICAS, RESULTADOS E ABORDAGEM BREVE-FOCAL

José Henrique Volpi (1)

Resumo

A vegetoterapia é uma abordagem psicocorporal fundada por Dr. Federico Navarro, que integra análise de caráter e trabalho corporal por meio de actings — movimentos sutis induzidos pelo terapeuta. Com base em mais de 30 anos de experiência clínica, este artigo apresenta a Vegetoterapia Breve-Focal, metodologia desenvolvida por José Henrique Volpi, que propõe um trabalho mais direto, eficaz e de curta duração. Dois estudos de caso são descritos: uma jovem com transtorno de ansiedade generalizada e síndrome do pânico, e um adulto com estresse crônico ocupacional. O artigo discute a fundamentação teórica, a metodologia aplicada e a relevância da abordagem para integração mente-corpo, evidenciando sua cientificidade e aplicabilidade clínica.

Palavras‑chave: vegetoterapia; Vegetoterapia Breve‑Focal; análise de caráter; psicoterapia corporal; actings; avaliação clínica.

1. Introdução

A integração corpo-mente é um tema central nas psicoterapias contemporâneas, considerando que bloqueios emocionais e padrões de personalidade frequentemente se manifestam fisicamente. Nesse contexto, a vegetoterapia, proposta por Dr. Federico Navarro, se apresenta como uma abordagem capaz de atuar simultaneamente sobre aspectos emocionais, cognitivos e corporais do indivíduo.

A vegetoterapia se fundamenta na observação de que padrões de defesa e armaduras emocionais podem ser observados e trabalhados no corpo, promovendo mudanças profundas e duradouras. A metodologia de Vegetoterapia Breve-Focal, desenvolvida por José Henrique Volpi, adapta essa prática para sessões mais objetivas e direcionadas, mantendo os princípios clássicos, mas com foco direto nos bloqueios específicos do paciente.

2. Fundamentação teórica

Segundo Navarro, o corpo reflete padrões emocionais e traços de caráter que se estruturam ao longo da vida, manifestando-se em tensões musculares crônicas e posturas rígidas. Essas armaduras caracterológicas limitam a expressão emocional e a circulação da energia vital.

A vegetoterapia atua em dois níveis complementares:

Sessões verbais: para compreender a queixa do paciente, identificar traços de caráter e mapear padrões de defesa.
Trabalho corporal: movimentos sutis (actings) indicados pelo terapeuta, que promovem a liberação de tensões e a integração corpo-mente.

Essa abordagem tem respaldo em psicoterapias corporais e estudos que relacionam a percepção corporal, a regulação emocional e a expressão de sentimentos com o bem-estar psicológico.

3. Metodologia da Vegetoterapia Breve-Focal

A Vegetoterapia Breve-Focal é caracterizada por:

Duração reduzida das sessões: com foco em objetivos específicos.
Movimentos direcionados (actings): adaptados a cada paciente, visando desbloqueio emocional direto.
Integração mente-corpo: cada exercício corporal é seguido de reflexão verbal.
Supervisão clínica: garantindo segurança e precisão técnica.

3.1 Procedimento

Sessões verbais iniciais: análise da queixa central e dos padrões de caráter.
Observação corporal: identificação de tensões, posturas rígidas e alterações respiratórias.
Movimentos sutis guiados: actings focados nos bloqueios detectados.
Reflexão e integração: o paciente relata sensações e emoções emergentes, integradas à experiência psicológica.
Sessões finais: consolidação das mudanças e planejamento de estratégias para manutenção do bem-estar.

4. Estudos de caso

4.1 Caso 1 – Jovem, 23 anos, ansiedade generalizada com síndrome do pânico

Paciente do sexo feminino, estudante universitária, com queixa de ansiedade generalizada. Os gatilhos incluíam provas e trabalhos acadêmicos, evoluindo para ataques de pânico frequentes. A intervenção de vegetoterapia breve-focal concentrou-se em liberar tensões corporais associadas à ansiedade, promovendo integração emocional e redução de sintomas.

4.2 Caso 2 – Adulto, 45 anos, estresse ocupacional

Paciente do sexo masculino, executivo com alta pressão no trabalho, apresentava dores musculares, tendinites e insônia. A abordagem focalizou os bloqueios físicos relacionados ao estresse crônico, utilizando movimentos sutis para restaurar relaxamento, consciência corporal e equilíbrio emocional.

5. Discussão

A vegetoterapia atua como catalisadora para desbloquear padrões emocionais armazenados no corpo, promovendo mudanças cognitivas e somáticas simultâneas. Nos casos apresentados, a combinação de sessões verbais com movimentos corporais sutis permitiu que os pacientes integrassem suas experiências emocionais, reduzindo sintomas de ansiedade e estresse.

A abordagem breve-focal mostra-se eficaz por concentrar esforços terapêuticos diretamente nos pontos centrais das queixas, tornando o processo mais rápido e objetivo. Além disso, a reflexão após os movimentos corporais contribui para que as experiências emocionais sejam compreendidas, internalizadas e transformadas em aprendizado sobre si mesmo.

Embora os casos individuais apresentem resultados promissores, recomenda-se conduzir estudos com amostras maiores e medidas padronizadas, incluindo avaliação fisiológica e grupos de controle, para consolidar a evidência científica da vegetoterapia.

6. Conclusão

A Vegetoterapia Breve-Focal, baseada na metodologia de Dr. Federico Navarro e desenvolvida por José Henrique Volpi, oferece uma abordagem terapêutica objetiva, segura e cientificamente fundamentada. A combinação de análise de caráter, intervenção corporal com actings e integração reflexiva permite trabalhar de forma eficiente com ansiedade, estresse e outros bloqueios emocionais, promovendo bem-estar físico e psicológico.

A aplicação clínica demonstrou que mesmo em um número reduzido de sessões, é possível alcançar mudanças significativas na percepção corporal e emocional dos pacientes, reforçando a relevância da abordagem para psicoterapia contemporânea.

Referências

LOWEN, A. Bioenergética: teoria e prática. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 1975.
NAVARRO, F. Vegetoterapia: integração corpo‑mente. São Paulo: Editora Psicocorporal, 1985.
VOLPI, J. H. Vegetoterapia Breve-Focal: abordagem objetiva e resultados clínicos. São Paulo: Editora Corpo‑Mente, 2019.

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(1) José Henrique Volpi – Psicólogo (CRP-08-3685), Especialista em Psicologia Clínica, Anátomo-Fisiologia, Hipnose Ericksoniana, Psicodrama e Brainspotting. Psicoterapeuta Corporal Reichiano, Analista psico-corporal Reichiano formado com o Dr. Federico Navarro (Vegetoterapia e Orgonoterapia). Especialista em Acupuntura clássica e Método Ryodoraku (eletrodiagnóstico computadorizado de medição da energia dos meridianos do corpo). Mestre em Psicologia da Saúde. Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento. volpi@centroreichiano.com.br

Baseado na ideia de homeostase, de Claude Bernard, na neurociência e abordagens corporais, entende-se o estresse como uma resposta adaptativa do organismo em face de eventos potencialmente danosos. A humanidade sempre enfrentou condições adversas, que exigiam respostas biológicas e emocionais de sobrevivência, como luta, fuga ou congelamento. Tais respostas, quando não elaboradas, podem se cristalizar no corpo na forma de tensões musculares e protótipos comportamentais inflexíveis. Assim, abordagens somáticas, como a Psicologia Corporal, assumem relevância, promovendo desbloqueio da energia retida nos tecidos, visando a integração entre corpo e mente. O enfoque explora as relações entre estresse, trauma e memória corporal, evidenciando a importância de práticas terapêuticas que integrem o corpo no processo de ressignificação do trauma.