TERAPIA RYODORAKU DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO: UM MÉTODO DE ELETRODIAGNÓSTICO ENERGÉTICO E TRATAMENTO PELA ACUPUNTURA
Autores:
José Henrique Volpi
Sandra Mara Volpi
COMO REFERENCIAR ESSE ARTIGO
VOLPI, José Henrique; VOLPI, Sandra Mara. Terapia Ryodoraku do sistema nervoso autônomo: um método de eletrodiagnóstico energético e tratamento pela acupuntura. In: VOLPI, José Henrique; VOLPI, Sandra Mara. Psicologia Corporal. Revista Online. ISSN-1516-0688. Curitiba: Centro Reichiano, Vol. 19, 2018. Disponível em: http://www.centroreichiano.com.br/artigos_livres.htm. Acesso em: ____/____/____.
INTRODUÇÃO
Há uma força motriz que rege toda a atividade vital do corpo humano. Dessa forma, tanto a saúde física quanto a emocional estão ligadas a um livre movimento da energia que circula sem impedimentos ou bloqueios, ao longo de todo o corpo humano. Esse postulado é proclamado tanto pela acupuntura, uma técnica da Medicina Tradicional Chinesa, quanto pela Psicologia Corporal, estando de acordo que o desequilíbrio dessa energia provoca alterações no âmbito físico e emocional.
Do ponto de vista da Psicologia Corporal, a compreensão de uma energia de cunho físico e emocional, foi impetrada por Reich, que a denominou de energia orgônio, bioenergia ou energia da vida. Reich teve como ponto de partida a teoria da libido promulgada por Freud no início do século XX.
Tendo observado que o prazer era acompanhado por um aumento da carga bioelétrica na superfície da pele, ao passo que o desprazer ou angústia por uma perda dessa mesma carga bioelétrica, Reich buscou investigar com mais detalhes essa tal energia. E foi a partir dessas pesquisas laboratoriais que descobriu um tipo de energia presente dentro e fora do organismo, à qual denominou de orgônio, uma energia que pode ser idêntica ao Qi, segundo a medicina chinesa.
Fenômenos psíquicos e emocionais também são formados por processos energéticos. Sendo assim, uma desarmonia na energia Qi ou orgônio da pessoa provoca uma alteração no corpo, na mente e nas emoções.
Segundo a escola Naturalista da filosofia chinesa, todos os fenômenos possíveis do universo dependem de dois polos que podem em um primeiro momento parecerem opostos entre sí, mas que são complementares. É a chamada teoria Yin e Yang e a teoria dos cinco elementos, uma teoria que interpreta “os fenômenos naturais, inclusive o corpo humano em saúde e doença” (MACIOCIA, 2017, 4).
A compreensão da fisiologia energética em Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é vista a partir da teoria Zang-Fu que corresponde aos sistemas de órgãos (Zang) e vísceras (Fu). É fundamental considerar que as referências a órgãos não se limitam apenas a seu aspecto físico / material, mas também a seu aspecto energético / metabólico. Os Zang Fu são, portanto, os principais órgãos do nosso corpo, carregados de energias e que são distribuídas ao longo do corpo humano através dos os canais de energia ou meridianos. Assim, cada canal de energia está associado a um órgão ou víscera do corpo.
Em um corpo humano em boa saúde, os dois aspectos opostos do Yin e do Yang não coexistem de modo pacífico e sem relação de um sobre o outro, ao contrário, eles se afrontam e se repelem mutuamente. Porém, sua oposição cria um equilíbrio dinâmico, e origina o desenvolvimento e a transformação dos objetos. (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992, p. 15)
Como resultado do rápido desenvolvimento da instrumentação eletrônica e da ciência da computação, nos tempos atuais a tecnologia voltada para a saúde e bem-estar do ser humano, vem obtendo consideráveis avanços. Equipamentos utilizados para diagnósticos tornaram-se cada vez mais precisos e indispensáveis aos profissionais de saúde.
A proposta deste trabalho é apresentar a teoria da Terapia Ryodoraku do Sistema Nervoso Autônomo, uma metodologia terapêutica de eletrodiagnóstico que, por meio de um aparelho chamado neurômetro, neurometer ou energy meter, mede pontos específicos do corpo para identificar o nível de bioenergia da pessoa e a partir do resultado, propor um tratamento por meio da acupuntura.
Ryodoraku é uma palavra japonesa onde Ryo significa “bom”, do “eletrocondutor” e raku “linha” ou “canal”. Portanto, podemos dizer que ryodoraku é um “bom canal de eletrocondutividade de energia”. Essa técnica foi desenvolvida no Japão pelo médico Yoshio Nakatani e está baseada na identificação de pontos eletropermeáveis na pele que sinalizam o estado energético do corpo.
A partir desse postulado, nossa proposta é trazer maiores esclarecimentos a respeito do uso do método de eletrodiagnóstico Ryodoraku, terapia do Sistema Nervoso Autonomo.
Noções Gerais sobre a Acupuntura
A Acupuntura é uma técnica que faz parte da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), cujo conhecimento é milenar e oferece significados resultados para o diagnóstico e a terapia de diversas patologias. No entanto, evoca ainda muitas controvérsias no mundo da ciência moderna cujas críticas asseguram a carência de bases científicas, por mais que evidências infinitas comprovem tais proezas.
Segundo a escola Naturalista da filosofia chinesa, todos os fenômenos possíveis do universo dependem de dois polos que podem em um primeiro momento parecerem opostos entre si, mas que são complementares. É a chamada teoria Yin e Yang e a teoria dos cinco elementos, uma teoria que interpreta “os fenômenos naturais, inclusive o corpo humano em saúde e doença” (MACIOCIA, 2017, 4).
Para explicar a teoria Yin e Yang, os chineses usam como metáfora uma montanha iluminada pelo sol onde teremos um lado claro da montanha (que é iluminada pelo sol) e outro lado escuro, sem iluminação. Portanto, uma mesma montanha irá apresentar dois lados, um claro e um escuro.
Podemos assim dizer que o lado ensolarado é claro, é quente, brilhante, vigoroso, representa o dia, aos que os chineses de denominaram de Yang. Já o lado sem a luz do sol é escuro, sombrio, representa a noite, o repouso, aos que os chineses denominaram de Ying.
Yin e Yang são dois estágios opostos de um mesmo movimento, duas forças opostas com diferenças em sua essência, porém relativa porque nem tudo é somente Yang ou somente Yin. Dessa forma, para diferenciar Yin de Yang sem perder sua forma, os chineses os representaram por uma linha cortada para representar o Yin e uma linha para representar o Yang. E como representação da interdependência entre Yin e Yang o símbolo denominado Supremo Absoluto, também conhecido como Tao:
Transportando essas informações para o corpo humano, pode-se afirmar, segundo a filosofia chinesa que o corpo humano tem um caráter predominantemente Yin ou Yang (MACIOCIA, 2017, 4), sendo a parte da frente considerada Yin e o dorso Yang, a metade superior Yang e a inferior Yin.
A teoria do Yin Yang explica o aparecimento das doenças por um desequilíbrio relativo de uma subida grande demais e um declínio grande demais do Yin ou do Yang. Quando os 2 elementos estão em seu estado normal, controlam-se mutuamente e mantêm um relativo equilíbrio; é a condição fundamental de na atividade vital correta. (AUTEROCHE, B.; NAVAILH, 1992, p. 18)
Corpo e mente nada mais são que formas de energia, às vezes condensada no formato de uma célula, às vezes inanimada em forma de nutrientes. A energia se manifesta em graus variáveis de materialidade que vai desde uma substância totalmente material, como o caso dos fluidos corporais, até outra totalmente imaterial, como é o caso do pensamento.
Os chineses chamam essa energia de QI e representam simbolicamente essa energia por meio do ideograma:
O primeiro desenho representa o QI (1). Separando o QI teremos o Vapor e o Arroz (2). Então, o Qi (energia) pode ser tão rarefeito e imaterial como o vapor, quanto denso e material como o arroz cru (3).
Quando essa energia se condensa, dá origem às formas materiais. Quando se dispersa, origina as formas mais sutis de energia. Portanto, podemos dizer que o Qi “é uma energia que se manifesta simultaneamente nos níveis físico e emocional-mental-espiritual” (MACIOCIA, 2017, p. 36).
Segundo a tradição oriental, a energia vital Qi circula pelo organismo ao longo de meridianos que terminam em pontos específicos da pele. O bom funcionamento do corpo depende do equilíbrio entre as duas forças contrárias e complementares – Yin e Yang – que compõem Qi. Se esse equilíbrio se desfaz, o corpo adoece. A acupuntura então busca restabelecer esse equilíbrio energético pela manipulação das agulhas espetadas em alguns dos mais de mil pontos já identificados.
Na interpretação da medicina ocidental, esses pontos correspondem a terminações nervosas que, excitadas por meio de agulhas ou de calor, enviam um sinal ao sistema nervoso central que, por sua vez, o decifra e devolve uma resposta a regiões específicas do corpo.
Um conceito importante na acupuntura é a certeza de que a energia QI flui pelo corpo humano através dos chamados meridianos. Os pontos de acupuntura estão localizados ao longo desses meridianos e permitem o acesso à energia do organismo.
A acupuntura tem por objetivo restabelecer o equilíbrio energético do organismo, a partir da inserção de agulhas especiais – ou ainda laser, semente de mostarda e cristais radiônicos – em pontos específicos da pele.
TEORIA DOS CINCO ELEMENTOS E AS EMOÇÕES
A teoria dos cinco elementos ou por alguns chamada de teoria dos cinco movimentos, foi elaborada praticamente na mesma época que a teoria Yin e Yang, na dinastia Zhou (cerca de 1000 – 771 a.C). Apesar da teoria dos cinco elementos ter sua aceitação bastante criticada na época, foi deixada de lado e sendo retomada a partir da dinastia Song (960-1279 d.C). Juntas, a teoria Yin e Yang e a teoria dos cinco elementos constituem a base da medicina chinesa e marcaram o início de uma medicina “científica”.
Os cinco elementos são Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra, dispostos esquematicamente da seguinte forma:
Wang (2001, pág.163) diz que: “O homem tem cinco órgãos que elaboram os cinco sopros “Qi” que geram a Alegria, a Raiva, a Tristeza, o Pensamento e o Medo”. Portanto, cada Órgão está diretamente relacionado a uma emoção.
Órgão Coração está relacionado com a emoção Alegria.
Órgão Baço está relacionado com a emoção Pensamento.
Órgão Pulmão está relacionado com a emoção Tristeza.
Órgão Rim está relacionado com a emoção Medo.
Órgão Fígado está relacionado com a emoção Raiva.
Auteroche e Navaith (1992, p. 127) afirmam que: “A manifestação das emoções revela a natureza do distúrbio de excesso ou insuficiência que afeta cada órgão”. E resumidamente apresentam as seguintes informações:
Qi do Baço em estado de vazio manifesta-se por: depressão, astenia mental.
Qi do Baço em estado de plenitude manifesta-se por: obsessão, ideia fixa.
Qi do Rim em estado de vazio manifesta-se por: indecisão, apreensão.
Qi do Rim em estado de plenitude manifesta-se por: autoritarismo, extravagância.
Qi do Pulmão em estado de vazio manifesta-se por: angústia tristeza.
Qi do Pulmão em estado de plenitude manifesta-se por: super excitação.
Qi do Fígado em estado de vazio manifesta-se por: Medo.
Qi do Fígado em estado de plenitude manifesta-se por: Raiva.
Qi do Coração em estado de vazio manifesta-se por: Choro.
Qi do Coração em estado de plenitude manifesta-se por: risos ininterruptos.
De acordo com Auteroche e Navailh (1992, p. 28), “cada órgão do corpo pertence a um elemento, e graças às propriedades de cada um dos elementos, pode-se explicar as particularidades da atividade fisiológica dos órgãos”.
As origens da Acupuntura perdem-se no tempo, o que fez com que tivesse seu período de destaque, durante a dinastia Tang (618-907 d.C.) com a fundação do Colégio Imperial de Medicina, onde se formaram, oficialmente, os primeiros médicos acupunturistas. Atingiu seu apogeu, durante o reinado da dinastia Ming (1368-1644), e seu declínio paulatino durante a dinastia Qing (1644-1912), sob a alegação de que não havia bases científicas, “sendo identificada com curandeirismo e desprestigiada, quando do avanço da medicina ocidental na China, introduzida por missões religiosas” (ROLAND; GIANINI; 2014, p. 478)
Mas o declínio da acupuntura na China, não a impediu de continuar sendo divulgada e praticada de maneira informal e expandindo para outros países como a Coréia e o Japão, resultando em sua retomada na China após a criação da República Popular da China em 1949 e a partir de então, um interesse crescente pela acupuntura foi verificado. E junto disso, uma série de pesquisas e práticas em acupuntura foram se descortinando, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, mas ainda experimentando períodos de valorização e declínio.
A partir da teoria original da Acupuntura tradicional Chinesa, inúmeras escolas e teorias foram sendo desenvolvidas. No Japão, a acupuntura chegou pela Coreia, ainda no século VI onde se desenvolveu de forma paralela à Chinesa e foi apresentada ao mundo na mesma extensão (ODA, 2004). Nessa nova onda, pesquisas foram dirigidas a fim de medir a condutividade elétrica e a resistência da pele em vários pontos do corpo (NAKATANI, Yoshio; OISO, Tetsuo, 2018).A condutividade elétrica da pele é a medida psicofisiológica periférica que melhor expressa e que tem sido mais utilizada para medir a atividade do sistema nervoso autônomo. São medidas que demonstram o estado funcional da pele e permitem avaliar a atividade do Sistema Nervoso Central e Periférico (GARCÍA, GARZÓN, CAMARGO, 2010)
SISTEMA NERVOSO
O Sistema Nervoso é formado por um conjunto de órgãos do corpo humano que possuem a função de captar os estímulos do ambiente e elaborar respostas, as quais podem ser dadas na forma de movimentos, sensações ou constatações. Está dividido em duas partes fundamentais: pelo Sistema Nervoso Central (SNC), que é composto pelo encéfalo e medula espinal, e pelo Sistema Nervoso Periférico Autônomo (SNPA), constituído pelos nervos e gânglios nervosos cuja função é conectar o sistema nervoso central às diversas partes do corpo humano. O Sistema Nervoso Periférico Autônomo (SNPA) é dividido em dois ramos: simpático e parassimpático, que se distinguem tanto pela estrutura quanto pela função. As fibras nervosas dos ramos simpático e parassimpático inervam os mesmos órgãos, mas com funções opostas. Enquanto um dos ramos estimula determinado órgão, o outro o inibe. Essa ação oposta é que mantém o funcionamento equilibrado dos órgãos internos. (MACHADO, 1993)
Atualmente, é um consenso comumente aceito que a acupuntura desencadeia respostas sistêmicas, incluindo respostas no sistema nervoso, regulando assim as funções do corpo humano para eventualmente alcançar um efeito terapêutico. Uma das práticas da acupuntura consiste na introdução de agulhas em locais anatômicos sobre ou na pele – os chamados pontos de acupuntura, estimulando assim o sistema nervoso, causando a liberação de neurotransmissores, como serotonina, um mensageiro químico (neurotransmissor) que leva informações de uma célula a outra no sistema nervoso central. Pesquisadores da Universidade de Rochester, nos EUA, analisaram os efeitos da acupuntura no sistema nervoso periférico e observaram que o tecido localizado próximo da inserção das agulhas pode influenciar o aumento das concentrações de adenosina no tecido local em até 24 vezes mais, sugerindo que a imperceptível perfuração da pele propicia o acúmulo da substância em tecidos mais externos da pele, como também a sinalização ao cérebro para criar endorfinas naturais contra a dor. A acupuntura ativa os mastócitos, e a histamina é liberada devido à ativação dos mastócitos que desempenha um papel no efeito da acupuntura através do receptor H1 da histamina e leva a um aumento da β-endorfina no líquido cefalorraquidiano. São pesquisas que abrem uma nova fronteira nos estudos biológicos celulares e moleculares do efeito analgésico da acupuntura. (HUANG; WANG; XING; YANG; AS; ZHANG; YAO; YIN; XIA; DING, 2018)
A PELE
A estimulação da Acupuntura se dá principalmente sobre a pele e tecido subcutâneo. Durante séculos a pele sempre foi vista como uma membrana cuja função era apenas de envolver e proteger o corpo humano contra fatores externos. Atualmente cada vez mais pesquisas revelam que mais do que isso, mostrando que a pele é um tecido altamente dinâmico onde ocorre uma série de processos físico-químicos bastante elaborados, principalmente quando se depara com a ação de agentes agressores externos, reagindo de forma imediata, desencadeando inúmeros fenômenos biológicos que liberam mediadores químicos para sua defesa. Diz Oda (2004, p. 25): “Alguns estímulos em Acupuntura evocam a sensação de dor e, outros, não”. Presume-se, então, que “a sensação de dor abrangente e lenta sentida no tecido subcutâneo durante o estímulo por Acupuntura, ascenda ao trato dos núcleos inespecíficos e induz à reação do sistema nervoso autônomo”.A pele sofre uma mudança de potencial elétrico porque as células têm uma capacidade de despolarização e repolarização. Como o corpo humano é inteiramente recoberto por um imenso circuito elétrico bidirecional, movido pela bioeletricidade, condições patológicas alteram a atividade elétrica do corpo humano e por consequência, também alteram o fluxo de elétrons entre as diversas partes do corpo (KOROTKOV et al., 2010).
Quando um estímulo é aplicado à superfície do corpo humano, invariavelmente ocorrerá uma reação em alguma parte, passando pelos nervos sensoriais e alcançando os centros nervosos superiores, onde posteriormente serão ativados os nervos motores e nervos autônomos simpáticos (Yang) e parassimpáticos (Yin). Dessa forma, o sistema nervoso atua sobre as funções do organismo, restabelecendo o equilíbrio. Essa é a proposta da acupuntura.
Nosso corpo é inteiramente formado por diferentes tipos de células que para se manterem vivas, precisam constantemente se “alimentar”, ingerindo nutrientes, líquidos, proteínas e outras moléculas importantes para a manutenção de suas atividades. Dessa forma, as células produzem energia que também mantém vivo o corpo todo.
Hoje em dia, os métodos para se medir a natureza elétrica da pele estão sendo cada vez mais utilizados nas áreas da saúde em geral. Essa eletricidade, num corpo vivo, é conduzida por meio dos eletrólitos que provocam reações físico-químicas entre os íons e elétrons livres.Os experimentos mais famosos em estimulação neuromuscular e que comprovaram a existência de uma bioeletricidade do corpo foram realizados por Luigi Galvani a partir de 1781, o que deu origem à terminologia reflexo galvânico da pele, que se altera conforme nosso estado físico e emocional. A partir de Galvani uma série de outros experimentos foram sendo desenvolvidos (CHAVAGLIA NETO, FILIPE, FERREIRA, 2017, p. 66), tornando cada vez mais possíveis pesquisas da condutibilidade e da resistência elétricas dos pontos de Acupuntura ou ponto de meridiano.As primeiras evidências para esse fim datam de 1953 com Reinhard Voll, na Alemanha, seguido por em 1956 no Japão e Jacques Émile Henri Niboyet, na França, em 1957. Cada um desses pesquisadores, independentemente concluiu que pontos de pele com características elétricas únicas eram identificáveis e poderiam ser correlacionados com os pontos tradicionais de acupuntura. Desde então, vários estudos elaboraram as propriedades elétricas associadas a esses pontos “bioativos”, que são freqüentemente comparados a pontos de acupuntura (AHN; MARTINSEN, 2007).
A pele é o maior órgão do corpo humano e se origina do mesmo folheto embrionário que o sistema nervoso, o ectoderma. E em sua superfície encontramos as cristas cutâneas, poros e folículos. Quando uma corrente de eletricidade é aplicada na pele, esta apresenta uma onda possível de ser registrada em um osciloscópio, instrumento de medida de sinais elétricos/eletrônicos. E esta forma de onda, “é explicada através de um circuito elétrico equivalente aos elementos de resistência e capacitância” (ODA, 2004, p. 2).
Os fenômenos bioelétricos de uma célula são funções vitais do organismo vivo pois ela usa seu potencial de membrana de várias maneiras, alterando seu potencial elétrico e se comunicando por meio do sistema nervoso por meio de sinais elétricos que viajam rapidamente pelo corpo todo. A natureza elétrica dos tecidos biológicos permite a transmissão de sinais que são facilmente medidos com eletrodos simples (MALMIVUO, 1995)
A condutividade eletrodérmica é uma característica fisiológica atribuída tanto ao meridiano quanto aos pontos eletropermeáveis e varia conforme a doença. Sobretudo, nos casos de doenças de órgãos internos, manifestam pontos eletropermeáveis que se distribuem pelo corpo formando uma rede especifica (NAKATANI; OISO, 2018), podendo ser o ponto eletropermeável, segundo Oda (2004, p. 9) “o melhor ponto de estimulação”, sendo, portanto, o ponto de acupuntura.
Desde que era aluno da Faculdade de Medicina em Iwate, Japão, o Dr. Nakatani sempre se interessou pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC), e já cedo se interessou pela teoria dos meridianos, uma teoria até então não comprovada na época por se tratar de algo difícil e invisível. Assim, Nakatani tomou essa proposta como missão e dedicou grande parte de sua vida acadêmica tentando comprovar a existência dos meridianos da acupuntura. Certa vez, adquiriu de um vendedor um aparelho de medição hemática que realizava a medição da vitalidade das pessoas, e a partir de então, suas pesquisas tomaram um novo rumo quando “experimentou por meio da Acupuntura, uma forma de terapia de estímulo cutâneo, propondo que os efeitos da estimulação por meio da Acupuntura se deviam aos do sistema nervoso autônomo” (ODA, 2004, p. 7).
Na primavera de 1950, usou esse medidor para pesquisar a resistência elétrica em um paciente que sofria de nefrite com edema generalizado imaginando que a condutividade elétrica desse paciente fosse alta já que o corpo estava totalmente inchado de água, que por sua vez a água é altamente eletropermeável. O resultado foi surpreendente porque a pesquisa revelou uma linha eletromermeável que muito se assemelhava com o meridiano dos Rins. A partir dessa experiência passou a medir a condutividade elétrica da pele de pacientes portadores de várias outras doenças, comprovando assim, além do meridiano dos rins, outras linhas de condutividade elétrica semelhante aos meridianos. (YOSHIHARA, 2018).
Nakatani (2018) descobriu 12 linhas de cada lado do corpo, que correspondem aos 12 meridianos segundo a MTC e chamou essas linhas de Ryodoraku. Em cada linha Ryodoraku descobriu um grande número de pontos de baixa resistência elétrica (ou alta condutividade elétrica) correndo longitudinalmente para cima e para baixo do corpo, os quais chamou de Ryodoten, que são Pontos de Reação Eletropermeáveis (PREP), que são os pontos de medida do Ryodoraku. Então, ao medir o fluxo de corrente elétrica de um determinado ponto do Ryodoraku, é possível encontrar a reação de excitabilidade daquele Ryodoraku. Se houver um forte desequilíbrio, significa que há uma manifestação de sintomas específicos deste Ryodoraku (YOSHIRARA, 2018).Então, os impulsos provenientes das vísceras e órgãos chegam até a medula espinhal. O Ryodoraku mensura o reflexo nervoso simpático que existe entre as vísceras e a pele.
Ryodoraku é um fenômeno patológico. Nakatani afirma que este mecanismo pode ser explicado pelo reflexo visceroceptor nervoso da pele. Os impulsos das vísceras irradiam para a medula espinhal; as zonas reflexas onde são então refletidas na superfície da pele através dos nervos simpáticos eferentes aparecem como um sistema de conexão longitudinal. Os bloqueios nervosos simpáticos, como o bloqueio do gânglio estrelado para a mão e o bloqueio do nervo simpático da perna para a perna, aumentam consideravelmente a resistência da pele na área relacionada e os pontos eletropermeáveis ou o fenômeno de Ryodoraku desaparecem.
A maioria desses pontos Ryodoten estão situados nos chamados pontos fonte da teoria dos meridianos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), com exceção dos pontos do meridiano do intestino grosso (ID) e dos rins (R) (Oda, 2004). Ao final de suas experiências, Nakatani concluiu que o ponto eletropermeável é o ponto de Acupuntura e que o Ryodoraku corresponde aos meridianos da Acupuntura tradicional. Portanto, um estímulo elétrico de corrente contínua de 12 volts e aproximadamente 220 μA (microampere) na agulha introduzida nesses pontos, potencializa os efeitos da acupuntura. Com isso desenvolveu um tipo de terapia de estimulação à qual chamou de Ryodoraku do Sistema Nervoso Autônomo um trajeto de pontos eletropermeáveis. (NAKATANI, Yoshio; OISO, Tetsuo, 2018).
Assim, Nakatani, fazendo uso de um neurômetro, instrumento que mede a resistência elétrica da pele, descobriu alguns Pontos Representativos do Ryodoraku estando eles divididos em 6 na mão esquerda, 6 no pé esquerdo, 6 na mão direita e 6 no pé esquerdo, totalizando 24 pontos Representativos. Essa medida foi toma como parâmetro para a criação da chamada Terapia Ryodoraku do Sistema Nervoso Autônomo. Ele não utilizou o mesmo nome dos pontos da Acupuntura clássica Chinesa e sim, atribuiu números específicos para os pontos da mão, os quais denominou H1, H2, H3, H4, H5, H6 (Hand = mão) e para os pontos dos pés F1, F2, F3, F4, F5, F6 (Foot = pés). Então, o ponto H1 representa o Ryodoraku do pulmão, o H2 o Ryodoraku do pericárdio e assim sucessivamente. Para quem está familiarizado com a acupuntura clássica Chinesa, irá encontrar como pontos da mão: H1 = P9; H2 = CS7 ou PC7; H3 = C7; H4 = ID5; H5 = TA4; H6 = IG5; E como pontos dos pés: F1 = BP3;F2 = F3; F3 = R4; F4 = B65; F5 = VB40; F6 = E42.
O resultado dessas medidas gera um gráfico que irá mostrar por meio de um mapa o estado bioenergético do organismo. O primeiro Mapa Ryodoraku foi publicado por Nakatani em 1958, mas foi revisto várias vezes apurando cada vez mais sua leitura (ODA, 2004). Isso tudo era feito de forma manual onde media-se o ponto e anotava-se em um mapa para gerar o gráfico Ryodoraku. Atualmente as medições e o mapa são feitos eletronicamente facilitando ainda mais sua aplicação.
De acordo com CHIANG, LIU, LIN, WANG, CHOU (2012), o método de medição de Ryodoraku mede a amplitude da corrente elétrica de 24 pontos representativos de 12 meridianos (valor de Ryodoraku) segundo a MTC, no intuito de avaliar a fadiga, excitação, relaxamento ou perturbação dos órgãos internos. Se a amplitude da corrente medida pelo Ryodoraku for muito alta ou muito baixa, isso indica que a energia do corpo humano foi distribuída de maneira não uniforme, ou seja, a fisiologia humana está em condições anormais. Isso porque a condutividade eletrodérmica varia conforme a doença e, sobretudo, nos casos de doenças de órgaos internos, manifestando-se, portanto, nos pontos eletropermeáveis que se distribuem pelo corpo formando uma rede específica (YOSHIHARA, 2018)
SOBRE O APARELHO NEURÔMETRO PARA A MEDIÇÃO DO RYODORAKU
É possível encontrar mundo afora diversos modelos de aparelho neurômetro, tanto analógico quanto digital. Apresentaremos na sequência o neurômetro digital, Modelo RDK USB NKL. Por meio de um software de computador conectado a um neurômetro, aparelho de medição, é possível realizar a mensuração bioenergética dos meridianos, através dos 24 pontos reativos eletro-permeáveis (PREP) da pele, que segundo a teoria Ryodoraku refletem o estado do sistema nervoso autônomo, utilizando técnica tradicional de corrente contínua (200μA máximo em circuito fechado).
As medidas são tomadas das mãos e dos pés no canal Ryodoraku que é semelhante aos meridianos da Acupuntura clássica Chinesa. O resultado das medidas são transferidas pelo software para o computador onde o aparelho esteja conectado, criando imediatamente a cada leitura, um mapa. A partir da leitura de todos os 24 pontos, o software gera um mapa mostrando o estado energético do corpo por meio de uma linha média, chamada de Faixa de Intervalo Fisiológico, conforme mostra a figura 1, e a situação de cada meridiano, se estão dentro da linha média, acima da linha ou abaixo da linha média (Faixa de Intervalo Fisiológico) que é a faixa de normalidade daquele paciente, naquele dia e momento da medição. A partir da leitura do mapa, é possível diagnosticar e tratar os distúrbios energéticos que estão ocorrendo no corpo, a fim de harmonizar os meridianos desequilibrados.
Figura 1 – Faixa de Intervalo Fisiológico
O neurômetro Modelo RDK USB NKL é composto de um pequeno equipamento eletrônico (hardware) (1), diretamente ligado pela porta USB a um computador; Um software que identifica a corrente elétrica e forma um gráfico no computador; dois eletrodos em formato de bastão onde um é de polo positivo (bastão de retorno) (2), que o paciente segura na mão e o outro de polo negativo (bastão de medição) (3) que o terapeuta manipula para medir a energia dos pontos.
O bastão de medição (Figura 3) possui dois calibres de ponteira. Um maior (a) e outro menor (b). Na ponteira maior coloca-se um tampão de algodão ou, caso opte em utilizar a ponteira mais estreita, um cotonete cortado. O algodão ou cotonete deve ser umedecido em uma solução salina saturada ou soro fisiológico 0,9%, em temperatura ambiente e introduzido na abertura do bastão de exploração. É importante que o algodão não esteja muito apertado dentro do bastão e fique alguns milímetros para fora da ponteira porque isso pode interferir no resultado da medição.
Figura 3 – Bastão de medição
Segundo Oda (2014), a ponteira para algodão mede uma área mais ampla do que a ponteira para cotonete, sendo, portanto, a ponteira mais aconselhável.
O equipamento Modelo RDK USB NKL apresenta 4 tipos de tensão: 6, 12, 18 e 21 Vc.c e permite a circulação de uma corrente máxima de 200μA (microampére), independente da tensão selecionada para a medição. Conforme indica Morikawa (2018), a escolha da tensão se dá considerando: 6Vdc – para crianças; 9 Vdc – para jovens; 12 Vdc – para adultos; 21 Vdc – para pacientes debilitados, doenças graves e idosos.
SOBRE OS PONTOS
O aparelho Ryodoraku Modelo RDK USB NKL já vem como um software programado para a leitura de 24 pontos, sendo 6 na mão esquerda, 6 no pé esquerdo, 6 na mão direita e 6 no pé direito, totalizando assim 24 pontos que são lançados no gráfico, mostrando inclusive a medição dos pontos do lado esquerdo e do lado direito.
Esses pontos são: H1 = P9; H2 = H3 = CS7 ou; C7; H4 = ID5; H5 = TA4; H6 = IG5; E como pontos dos pés: F1 = BP3;F2 = F3; F3 = R4; F4 = B65; F5 = VB40; F6 = E42. São pontos comumente conhecidos na acupuntura tradicional chinesa como pontos “Fonte” ou pontos “Yuan”.
SOBRE A LEITURA DO MAPA – O DIAGNÓSTICO
Faixa de Intervalo Fisiológico
O diagnóstico Ryodoraku é feito medindo a eletro condutividade dos diferentes pontos Ryodoraku. Após a medição de todos os pontos, o programa irá mostrar um gráfico (Figura 4), indicando apenas os pontos do lado esquerdo (E) e direito (D), de cores diferentes, unidos por uma linha. Na parte superior do gráfico, é possível marcar a caixa com a palavra Média para que o programa indique a linha média desse paciente. A linha média foi calculada por Nakatani (2018) após diversos experimentos, considerando uma tolerância de medição que no caso do gráfico mostra como uma área sombreada que representa a banda de tolerância de medição (variações de 0,7cm para cada sentido a partir da linha média), totalizando uma faixa de 1,4 cm como sendo a faixa de normalidade definida por Nakatani. De acordo com a teoria Ryodoraku, um estado ideal de saúde é quando todos os canais Ryodorakus estão em equilíbrio, ou seja, dentro da faixa de normalidade. (HYODO, 1988)
Veja abaixo o exemplo de um mapa de uma paciente que tem uma boa energia, porém com alguns canais fora da faixa de normalidade. Perceba que a linha média dela encontra-se em 64, sendo que entre 40 e 60 é considerado um bom padrão (YOSHIHARA, 2018).
Figura 4 – Gráfico Ryodoraku
É normal que nosso sistema nervoso autônomo esteja em constante mudança, mesmo em pessoas inteiramente saudáveis. Por isso que Nakatani determinou uma faixa de normalidade para cada Ryodoraku. Este intervalo de variação é chamado de intervalo fisiológico. Se o valor do meridiano de Ryodoraku exceder o intervalo fisiológico, isso significaria que o nervo periférico está em estado excitatório (plenitude) e indica que o órgão interno tem perturbação aguda. Se o valor de Ryodoraku for menor que o alcance do intervalo fisiológico, isso significa que a excitabilidade do nervo periférico está reduzido (vazio). Assim, o valor de Ryodoraku que excede a faixa fisiológica é um Ryodoraku anormal (CHIANG, LIU, LIN, WANG, CHOU, 2012).
Nakatani (1956) percebeu que quando a leitura de um meridiano no gráfico é muito alta ou muito baixa, isso poderia refletir certas patologias. Isso porque Quando os órgãos internos apresentam alterações patológicas, a situação fisiológica humana será refletida ou transferida pelo SNA e mostrada nos pontos da pele que conectam os meridianos e a superfície do corpo.
SOBRE O TRATAMENTO
O tratamento consiste em ajustar os pontos que estão desequilibrados no gráfico, por meio de estimulo dos pontos de acupuntura específicos para “tonificar” um meridiano deficiente ou “sedar” um meridiano excessivo. Também pode ser usado a eletroacupuntura por 7 segundos com uma frequência de 200 microampere. A moxa igualmente pode ser utilizada. A proposta é buscar um nivelamento dos pontos desequilibrados (MORIKAWA, 2018)Os pontos são de tonificação ou sedação, conforme mostra a tabela 5:
PONTO RYODO | PARA TONIFICAR | PARA SEDAR | |
H = HAND | H1 = P9 | P9 | P5 |
H2 = CS7 ou PC7 | CS9 ou PC9 | CS7 ou PC7 | |
H3 = C7 | C9 | C7 | |
H4 = ID5 | ID3 | ID8 | |
H5 = TA4 | TA3 | TA10 | |
H6 = IG5 | IG11 | IG2 | |
F = FOOT | F1 = BP3 | BP2 | BP5 |
F2 = F3 | F8 | F2 | |
F3 = R4 | R7 | R1 | |
F4 = B65 | B67 | B65 | |
F5 = VB40 | VB43 | VB38 | |
F6 = E42 | E41 | E45 |
Figura 5 – Tabela de pontos de tonificação e sedação
INICIANDO A MEDIÇÃO
Antes de iniciar a medição, devemos seguir alguns conselhos (MORIKAWA, 2018; NAKATANI, 2018):
a) Aconselha-se que o paciente permaneça relaxado por 5 a 10 minutos.
b) Deve usar uma vestimenta leve e não apertada, sem meias, sem qualquer tipo de objeto metálico como cinto, relógio, correntes, anéis, pulseiras, etc.
c) Não fazer a medição de estômago cheio, quando acabou de se alimentar, nem imediatamente após o banho ou esteja molhado porque são situações que alteram a medição.
d) Não ter tomado bebida alcoólica antes da medição, nem outro estimulante e se isso tiver ocorrido, anotar para considerar na leitura do gráfico.
e) Não estar com as mãos ressecadas e se esse for o caso, aconselha-se umedecer as mãos com um algodão ou toalha molhada antes da medida.
f) O paciente deve estar sentado ou deitado para ser feita a medida.
g) O terapeuta deve evitar tocar no paciente durante a medida e se isso for preciso, fazer apenas com a ponta dos dedos polegar e indicador para apoiar o pulso e os pés, para não interferir na energia do paciente.
h) Fazer a medida na temperatura ambiente, sem querer aquecer as mãos ou os pés antes disso.
i) Os valores também podem sofrer alterações de acordo com as estações climáticas do ano e hora do dia. Portanto, são dados importantes de serem anotados e considerados. Geralmente pela manhã a energia de alguns pacientes ainda está baixa quando comparada ao final do dia.
j) Aconselha-se fazer a medição somente uma hora após esportes intensivos ou exercícios porque isso interfere no resultado.
k) Portador de marca-passo é proibido para teste.
É importante sempre calibrar o aparelho. Para isso basta ligar o equipamento e encostar a ponta dos dois bastões (retorno e medição) que o software calibra automaticamente.
O paciente segura com a mão direita o bastão de retorno, sem apertar, enquanto o terapeuta segura o pulso do paciente, evitando tocar nos pontos da medição. Inicia a medida dos pontos encostando o bastão de medição, sem apertar e procurando utilizar a mesma pressão em todos os pontos. Se estiver utilizando o aparelho modelo RDK USB NKL é preciso seguir os pontos indicados na tela do computador, exatamente na sequencia que aparece porque o gráfico cria o gráfico nessa sequencia:
HAND (Mãos) – H1 = P9; H2 = CS7 ou PC7; H3 = C7; H4 = ID5; H5 = TA4; H6 = IG5;
FOOT (Pés) = F1 = BP3; F2 = F3; F3 = R4; F4 = B65; F5 = VB40; F6 = E42.
Deve-se considerar que existem vários modelos de aparelho tanto analógico quanto digital como é o caso do modelo RDK USB NKL, onde cada um vai atuar de uma maneira, como, por exemplo, a ordem dos pontos que pode ser diferente, mas o resultado final geralmente é o mesmo. E também em relação ao bastão de retorno que o paciente segura, há quem diga que pode permanecer na mesma mão durante toda a medida porque isso não irá interferir. O importante é que o paciente segure no bastão todo e sempre com a mesma pressão da mão.Para a medição dos pontos Ryoodoraky utilizando o modelo RDK USB NKL, encosta-se a ponta com o algodão úmido do bastão explorador no primeiro ponto de medição da mão esquerda (P9) com uma pressão leve, até que o software faça a leitura energética do ponto, que leva em média de 3 a 5 segundos. Em seguida para o próximo ponto (C7) procurando sempre utilizar a mesma pressão em todos os pontos. Finalizada a leitura dos pontos da mão esquerda, faz a leitura do pé esquerdo, com o bastão de retorno ainda na mão direita do paciente. Em seguida, o paciente troca, ou não, o bastão de retorno para a mão esquerda e o terapeuta inicia a leitura da mãe e pé direitos. Se o ponto a ser medido tiver algum ferimento ou cicatriz, aconselha-se medir um pouco acima ou abaixo da linha do meridiano (nunca na lateral do meridiano), considerando sempre que o ponto tem um diâmetro de aproximadamente 1 centímetro, o que permite pequenos ajustes. (MORIKAWA, 2018).
Segundo Takahashi (2018) uma pressão forte do eletrodo de medição sobre pele ou verificação repetida de um ponto pode alterar as propriedades elétricas da pele nessa área e levar ao erro. A vantagem do software digital é que as informações colhidas pela medição são transferidas imediatamente para o programa do computador que vai automaticamente criando um gráfico.
ANÁLISE DO GRÁFICO E TRATAMENTO
É importante anotar os dados do paciente e situações adversas como uso de medicamentos, estado físico e emocional no dia da medição, etc, para poder fazer um diagnóstico correto.
O gráfico Ryodoraku nos informa a análise do sintoma, sem necessidade de fazermos perguntas ao paciente, porque é visível o resultado no gráfico. Feito o gráfico, busca-se identificar a linha média do paciente que é a Faixa de Intervalo Fisiológico, considerando que tudo o que estiver fora dessa faixa está em desequilíbrio. Na terminologia do Ryoodoraku, considera-se o resultado do gráfico que está acima da faixa de intervalo fisiológico como “plenitude” e abaixo de “vazio”.
Considera-se “normal” uma faixa cujo intervalo fisiológico esteja entre 40 e 60, mas precisamos também considerar que:A resistência elétrica da pele humana muda fisiologicamente. A diferença de uma área da pele para uma área adjacente é de cerca de 10%. Esta alteração fisiológica é acomodada por meio de uma extensão fisiológica no Mapa Ryodoraku. Concluindo, as medições devem ser precisas o mais possível, embora clinicamente seja permitido um erro de cerca de 1cm na posição da medição. (ODA, 2004, p. 30):
Então, o ponto Ryodoraku pode estar normal, dentro da faixa de normalidade, excitado ou deprimido. Segundo MORIKAWA (2018), pacientes com um intervalo fisiológico alto, acima de 60, quando temos várias medidas para podermos comparar, são pessoas com uma grande quantidade de energia, muito ativos e com grande capacidade de recuperação frente a uma doença. Ao contrário disso, quando a faixa de intervalo fisiológico é baixa, são pacientes com baixa energia. A ponta, inclusive que pacientes com câncer, em estado terminal, tem uma faixa de intervalo fisiológico praticamente zerada, que é quando estão próximos da morte (TILLER, 1987). Ou então, o paciente portador de depressão crônica, como é o caso de um paciente que estou tratando, cuja linha média é de 4, como mostra a tabela 6:
Figura 4 – Gráfico Ryodoraku com uma Faixa de Intervalo Fisiológico baixa
Uma outra situação é de um paciente jovem, 20 anos, que encontra-se atualmente bastante preocupado porque está prestando vestibular. Veja como o mapa dele se apresenta, com uma faixa de intervalo fisiológico de 39, porém, mais alto que o anterior (figura 4) e praticamente todos os meridianos fora da linha média:
A leitura do gráfico vai nos indicar os meridianos que estão fora do intervalo fisiológico e, portanto, precisam ser ajustados. Esse ajuste pode ser feito de várias formas sendo algumas delas, por meio da tabela de pontos de sedação e tonificação conforme já demonstrada, ou por meio de acupuntura sistêmica ou por meio da auriculoterapia, etc. possíveis sintomas que podem ser investigados com o paciente de acordo com os pontos que estão fora da faixa de intervalo fisiológico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em 1960 fundou-se no Japão a Japanese Society of Ryodoraku Medicine que promove anualmente um Congresso de Ryodoraku com o objetivo de atualizar essa metodologia.
Desde o trabalho original desses pioneiros, uma variedade de pesquisas tem procurado aprofundar o conhecimento sobre o diagnóstico e tratamento do Ryodoraku e as características elétricas dos meridianos da acupuntura. O resultado é que não pode haver dúvida de que os meridianos da acupuntura são eletricamente ativos, e que a terapia com Ryodoraku é uma maneira eficaz de localizar desequilíbrios energéticos, determinar patologia potencial e fazer correções energéticas para restaurar o equilíbrio. Antes do surgimento de uma doença já é possível identificar tendências de fraqueza em determinados pontos, que já serve de referência para o tratamento.
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